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O tempo de revisar rascunhos e sonhos

Atualizado: 16 de fev. de 2023



Por maior que seja o clichê, e o refrão esteja muito surrado nos últimos anos, chega uma hora na vida em que é preciso rever prioridades e seguir (realmente) as mais profundas vocações que a gente tenha. Ou seja, perseguir nossos sonhos.


Afinal, nenhum sucesso profissional fará sentido, nenhum relacionamento nos preencherá, nem qualquer conquista de tranquilidade financeira futura irá compensar, se gastarmos todo o nosso tempo de vida nos dedicando a um trabalho, construindo amizades ou cultivando amores, mas fracassarmos em sermos fiéis à nossa própria essência, nossa natureza, com aquilo que você e eu nascemos para ser, aquilo que nos define como pessoa.


Valores e prioridades mudam ao longo da vida. Por isso essa reflexão e o ato de passar a vida a limpo, precisa ser feito de tempos em tempos. E ter em mente que deixar de querer uma coisa em prol de outra não é sinal de imaturidade, nem é loucura trocar uma situação “confortável” por outra e recomeçar do zero.


É claro que tais movimentos precisam de planejamento: temos responsabilidades, famílias, compromissos. Mas não podemos usar tais responsabilidades e compromissos como desculpa para a paralisação, para a estagnação. O preço cobrado no futuro será alto demais e pode ser que não haja tempo de consertar o estrago.


"Revisar objetivos de vida de tempos em tempos talvez seja o grande segredo de viver uma vida plena".

O medo de tentar e testar outras possibilidades de trabalho, sair de relacionamentos tóxicos (amorosos ou não) e recomeçar a vida sob outra ótica não deveria nos paralisar mais do que o medo de chegarmos ao fim da vida e descobrirmos que simplesmente não tentamos ser felizes por acomodação.


E afinal de contas por que razão nos dedicamos tanto a buscar sucesso em coisas que não nos preenchem de forma plena? Será que precisamos estabelecer como sucesso pessoal e profissional padrões que não nos completam plenamente?


Revisar objetivos de vida de tempos em tempos talvez seja o grande segredo de viver uma vida plena.


Vejamos por exemplo as notícias e estatísticas que lemos na mídia, e que são alarmantes.

De acordo com pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA), 30% dos mais de 100 milhões de trabalhadores brasileiros sofrem com as Síndrome de Burnout, a síndrome do esgotamento profissional.


Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão. As estimativas da OMS divulgadas em fevereiro de 2017 informavam que 9,3% dos brasileiros tinham algum transtorno de ansiedade e a depressão afetava 5,8% da população. Estamos falando de um dado de 2017. Seis anos atrás!


Esse número, que vem aumentando ano após ano, certamente já foi ampliado.

Antes da pandemia de coronavírus, a mesma OMS havia decretado que o maior motivo de afastamento do trabalho no mundo seria a depressão.


Além disso, a mesma ISMA apontou, já em 2015, que de 70% a 80% das pessoas no mundo estavam insatisfeitas com o trabalho (72% no Brasil). Outra pesquisa de 2014, promovida pela Deloitte (Deloitte’s Shift Index), informava que 80% dos americanos estavam insatisfeitos com seus trabalhos. Isso antes dos movimentos conhecidos como The Great Resignation e Quiet Quitting.


Ou seja, o problema não é de hoje e se alastra por anos: estamos construindo, tijolo após tijolo, tanto uma sociedade e quanto valores que nos adoecem.


As razões para isso são diversas: um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, o alto índice de demissões no país, as cobranças diárias por melhores resultados, a necessidade de usar as horas de descanso para qualificações e requalificações, mesmo em um mercado onde há queda de salários. O próprio ritmo das grandes cidades, com trânsito caótico, violência e custo de vida crescente aumentam a pressão. Além da epidemia de solidão que já atingia alguns países e a pandemia só piorou.


Então, se as estatísticas apontam que tantas pessoas sofrem, adoecem e estão infelizes com suas atuais profissões, trabalhos e estilos de vida, por que simplesmente não tentam se planejar para mudar e tentar novos ares?


A opinião dos outros, a forma como nos veem e nos julgam sendo ou não bem sucedidos é realmente tão importante assim? Deixar de ser empregado em uma grande empresa para abrir um pequeno café é loucura? Deixar o emprego público para tornar-se professor e seguir uma vocação é demasiado imprudente? Abandonar um emprego de TI em uma grande cidade para virar artesão ou professora de dança de salão seria um tabu? Mudar de ideia no meio do caminho é visto como fracasso? É isso? Mas o mundo corporativo não vive entoando o mantra de que a única certeza da vida é a mudança e que não devemos resistir a ela e sim abraçá-la?


"Seguir por toda a vida em uma profissão escolhida aos 17 anos e sacrificar boa parte de sua vida produtiva trabalhando em algo que já não te dá satisfação é sinal de fracasso? A mudança não seria amadurecimento e autoconhecimento?"

Alcançar status social, ter um emprego ou cargo que muitos querem (mas não você) é mais importante que ser realmente, plenamente feliz e realizado? Manter um relacionamento que apenas desgasta é melhor do que estar sozinho?


Seguir por toda a vida em uma profissão escolhida aos 17 anos e sacrificar boa parte de sua vida produtiva trabalhando em algo que já não te dá satisfação é sinal de fracasso? A mudança não seria amadurecimento e autoconhecimento?


Fica a dica: uma escolha profissional, assim como um relacionamento que se exauriu de significado, não é uma condenação.


Claro que toda a profissão e todo relacionamento terão seus percalços, desafios e tensões. Mas quando isso o está adoecendo... sinceramente? Dê uma pausa na vida, revise os rascunhos iniciais que você fez para seu futuro e planeje uma mudança. Pode ser o melhor que você faça, mesmo que não acerte de primeira.


E não estou falando em tentar fazer coisas extraordinárias ou ser excepcional. A maioria de nós não entrará para a História. E isso realmente pouco importa. A coisa mais extraordinária e rara na vida é conseguir ser você mesmo, sem disfarces, e estar em paz com a sua vida e com quem você realmente é.


Como escreveu o poeta Walt Whitman, “Eu existo como sou. Isso basta”.

Carpe diem.

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